quarta-feira, 9 de maio de 2012

O que você entende por Filosofia da Educação?


A filosofia investiga como se pode viver melhor (ética), que tipos de coisas realmente existem e quais são suas verdadeiras naturezas (metafísica), o que pode ser considerado conhecimento legítimo (epistemologia), e quais são os princípios corretos do raciocínio (lógica).
Derivada do grego, a palavra filosofia (φιλοσοφία) significa ‘amor à sabedoria’, associando phílos (φίλος) ‘amigo, ou amante’ e sophia (σοφία) ‘sabedoria’.
Tal definição é um dos principais temas da própria filosofia, certamente, há muitas maneiras de descrevê-la, algumas enciclopédias caracterizam filosofia em termos de investigação intelectual e da aplicação do raciocínio na análise crítica, bem como do diálogo ou da introspecção para resolver problemas complexos e importantes.
A filosofia da educação é o estudo dos objetivos, dos processos, da natureza e dos ideais da educação. Pode estar dentro do contexto da educação como uma instituição social ou mais amplamente como o processo de crescimento existencial humano, isto é, como é que nossa compreensão do mundo é continuamente transformada (seja através dos fatos, dos costumes sociais, das experiências, ou mesmo das nossas próprias emoções).
A palavra educação pode ser derivada, alternadamente, de dois termos do latim: educere eeducare. A primeira tem o sentido de “conduzir exteriormente”, a segunda tem o sentido de “criar” ou “alimentar”. É interessante notar que nenhuma das partes dessa etimologia dupla é dispensável. Optando por educere temos uma acepção de educação em que são importantes as regras exteriores ao aprendiz. Adotando educare a acepção de educação é a que espera ver o aprendiz colocando regras para si mesmo.
 Ora, em termos de filosofia da educação, as duas grandes linhas mestras na pedagogia coincidem com essa dupla etimologia. Há uma pedagogia que acredita que a educação se realiza como uma maneira de tornar o aprendiz aquele que assimila regras que não são suas, mas que passarão a ser suas e que, por isso mesmo, o tornarão uma pessoa educada. Há uma outra pedagogia que entende a educação como uma maneira de tornar o aprendiz capaz de forjar suas próprias regras e, tendo isso ocorrido, ele pode se considerar uma pessoa educada.


A “Teoria dos dois mundos” defendida por Platão.


Platão foi discípulo de Sócrates e durante sua vida conheceu e se aprofundou nas teorias de dois grandes filósofos pré-socráticos, Heráclito de Éfeso e Parmênides de Eléia, os quais possuíam ideias antagônicas. Analisando Heráclito, Platão considerou corretas as percepções do mundo material e sensível, das imagens e opiniões. Chegou à conclusão que Parmênides também estava certo ao exigir que a Filosofia se afastasse desse mundo sensível, para ocupar-se do mundo verdadeiro, visível apenas ao puro pensamento.
Com base nas ideias de Sócrates, de quem Platão aproveita a noção de logos, ele cria a teoria platônica e a distinção dos mundos sensíveis e inteligíveis.
Platão afirma haver dois mundos diferentes e separados: o mundo sensível, dos fenômenos e acessível aos sentidos; e o mundo das ideias gerais (inteligível), "das essências imutáveis, que o homem atinge pela contemplação e pela depuração dos enganos dos sentidos".
Para explicar melhor sua nova teoria, Platão cria no livro VII da República o mito da Caverna, no qual imagina uma caverna onde estão os homens acorrentados desde a infância, de tal forma que não podem se voltar para a entrada e apenas enxergam uma parede ao fundo. Ali são projetadas sombras das coisas que se passam às suas costas, onde há uma fogueira.
Platão afirma que se um dos homens conseguisse se libertar e contemplar a luz do dia, os verdadeiros objetos, ao voltar à caverna e contar as descobertas aos companheiros seria dado como louco.
No mito é possível associar os homens presos à população e o homem liberto a um filósofo.
Os homens presos conhecem apenas o mundo sensível, já o liberto conheceu a verdadeira essência das coisas, conheceu o mundo das ideias.
A teoria apresentada por Platão, embora tenha deixado algumas perguntas em aberto e algumas respostas ainda hoje não totalmente compreendidas é, sem dúvida, um grande marco para a Filosofia.

A Teoria da “Maiêutica” defendida por Sócrates.




A Maiêutica é a técnica através da qual se consegue observar como é que uma ciência desconhecida se transforma progressivamente numa ciência conhecida. No entanto, no diálogo Protágoras, a Maiêutica não aparece.
Segundo Platão, Sócrates fora buscar a sua arte da Maiêutica a sua mãe que era parteira.
Na Grécia clássica só as mulheres que já não podem dar à luz estão autorizadas a ajudar ao parto das outras.
Sócrates considerava a sua arte como a arte de parturejar, só que agora são homens que dão à luz e é do parto das suas almas que se trata.  Sócrates revelava aos outros aquilos que eles próprios sabiam, sem se dar conta te ter consciência. Ele pretendia que o seu questionamento sistemático levasse os outros a um ponto crucial de consciência crítica, procurando a verdade no seu interior, dando assim lugar ao "parto intelectual".
A Maiêutica é, assim, a fase positiva, construtiva, do método socrático que permite o acordo através das certezas universais obtidas pela definição após a discussão. Trata-se de um diálogo do primeiro período que se caracteriza pela ausência da teoria da reminiscência que serve de fundamento à Maiêutica.
A Maiêutica socrática funcionava a partir de dois momentos essenciais: um primeiro em que Sócrates levava os seus interlocutores a pôr em causa as suas próprias concepções e teorias acerca de algum assunto, e um segundo momento em que conduzia os interlocutores a uma nova perspectiva acerca do tema em abordagem. 
Daí que a Maiêutica consistisse num autêntico parto de ideias, pois, mediante o questionamento dos seus interlocutores, Sócrates levava-os a colocar em causa os seus "preconceitos" acerca de determinado assunto, conduzindo-os a novas ideias acerca do tema em discussão.
Sócrates inaugura o método quando institui a Maiêutica, ou seja, a arte de perguntar.
Platão aperfeiçoa a Maiêutica de Sócrates e a transforma no que ele chama dialética.

Método “Pedagogizador” e a prática educacional voltada para intersubjetividade.


Analisar a filosofia contemporânea, as dificuldades decorrentes da adoção do modelo epistemológico, baseado no pressuposto representacionista que leva a um estilo “pedagogizador”. Ao fazermos propostas para uma filosofia da educação consistente e produtiva, mostra-se os desafios que a superação desse modelo implica. Chama-se de “pedagogizador” porque ele se resume a instruir e reproduzir conhecimento e ater-se a regras normalizadoras.
Seu suporte é a consideração de que há dois fatores estanques em todos os processos em que algum tipo de conhecimento seja requerido: um sujeito de conhecimento de um lado, e uma realidade a ser conhecida de outro. A consequência para a educação, bem como em termos de propostas pedagógicas, é a restrição à aplicação de técnicas a um sujeito, o aluno, tratado como objeto a ser conhecido e treinado. Em contraposição, propomos analisar um modelo calcado na intersubjetividade, mais apto a conduzir para a educação, entendida num sentido construção de pessoas emancipadas, criativas, autônomas. Chama este modelo de “modelo educacional”. Mas não considera que o diálogo, intersubjetividade, modelo comunicativo, etc. Será ainda preciso mostrar seus pressupostos teóricos, as implicações decorrentes, e principalmente, como ele pode ser aplicado, aliviando as dificuldades pelas quais passa a sociedade, sendo o papel da educação central para compreender essas dificuldades e propor mudanças. Este é um processo complexo, e, evidentemente, a própria educação, especialmente a educação formal, escolar, precisa ser revista com urgência
O papel da escola na sociedade é disciplinar segundo Foucault. Já Habermas propõe um modelo calcado na intersubjetividade, mais apto a conduzir para a educação, entendida num sentido construtor de subjetividades emancipadas, criativas, autônomas. O modelo é chamado de “modelo educacional”. Educar é produzir sujeitos capazes de linguagem e de ação, calcadas em razões e argumentações justificadas, legítimas, exigências fundamentais para atender às demandas sociais, culturais, econômicas e éticas da modernidade. No Brasil, os desafios são imensos, porém contornáveis mediante de políticas educacionais adequadas, cujo maior obstáculo é a escola “pedagogizadora”. Há certas transformações sociais que só ocorrerão por meio da educação construtora de sujeitos capazes e não apenas capacitados, autônomos e não apenas treinados, qualificados para a ação e não apenas para o exercício.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

A Filosofia Moderna


          Filosofia moderna é aquela que se desenvolveu durante os séculos XV, XVI, XVII e XVIII, tendo seu início no Renascimento e se estendendo até Emanuel Kant.
Esta filosofia possui algumas características que são consequências da perda de contato com as grandes sínteses surgidas no século XIII, sendo as principais as seguintes:
Individualismo: quer dizer, a tendência a descuidar da tradição para acentuar o caráter pessoal do próprio pensamento. A filosofia medieval, caída em descrédito, é comumente ignorada ou conhecida superficialmente. Os novos filósofos não crêem que valha a pena obter conhecimentos profundos acerca de uma doutrina que todos consideram superada. Daqui a tendência a construir cada um uma síntese total desde os fundamentos, e daqui também a multiplicidade de sistemas, aliás contraditórios entre si. A atitude de Descartes, como a de Bacon e a de Kant, é a de começar desde o princípio, refazer o todo, ser iniciadores.
Nasce desta maneira uma alteração do conceito de verdade filosófica que se contamina com o de
Originalidade: contaminação não declarada, mas real. Concebe-se a originalidade mais como novidade que como 're-pensamento', penetração e desenvolvimento progressivo de um núcleo já discutido e aceito. A filosofia tende deste modo, a apresentar-se como uma revelação, uma manifestação da individualidade de cada filósofo, fracionando-se nas várias 'visões de mundo', condicionadas pela capacidade engenhosa de cada personagem e de cada nacionalidade. Parece que se perde o conceito mesmo de verdade e de filosofia como patrimônio necessariamente universal e susceptível, portanto, de graduais aperfeiçoamentos, para transformá-lo no conceito artístico de criação original.
A originalidade da filosofia traz consigo outro caráter a mais
A liberdade de procedimento: não somente no sentido de independência da doutrina revelada, mas também no sentido de falta de preocupação demonstrativa; as obras filosóficas dos tempos modernos têm uma forma expositiva e, frequentemente, mais que demonstrar, sugere mais que persuadir.
Isto vai ligado em parte também, com o abandono da forma silogística e em geral com o descuido dos procedimentos formais: a escolástica decadente havia abusado deles, a filosofia moderna não os usa.
Outros distintivos da filosofia moderna são a crescente tendência a fazer da razão não somente o tribunal supremo, mas também a característica peculiar do homem; sua separação completa da teologia, sendo-lhe muitas vezes até mesmo hostil; o abandono da língua latina, substituída pelas línguas vulgares; a multiplicação dos centros de cultura devido à quebra da unidade doutrinária: a cismundanidade, ou seja, o objeto de estudo passa a ser preponderantemente o mundo de cá, dos homens, abandonando quase por completo a transmundanidade tão presente na filosofia realista; daí, a atenção voltada primordialmente para a Naturezalevando deste modo ao triunfo do ponto de vista do quantitativo e do mensurável.
De tudo isso se pode inferir que o significado, a validade das diversas sínteses da filosofia moderna não está na sua integridade de síntese, mas somente naquelas doutrinas parciais e naqueles aspectos também parciais que constituem, de fato, não um abandono, mas um estudo mais profundo e um desenvolvimento de elementos que podem enriquecer as grandes linhas da síntese filosófica realista, objetiva, verdadeira.

A nova forma de pensar da Filosofia Moderna culminou no Racionalismo (René Descartes), Empirismo e no Criticismo Kantiano



Racionalismo cartesiano é uma doutrina que atribui à razão humana a capacidade exclusiva de conhecer e de estabelecer a verdade. Opõe-se ao empirismo, colocando a razão independente da experiência sensível, ou seja, rejeita toda intervenção de sentimentos, somente a razão.
Todo homem, segundo Descartes, possuía razão, a capacidade de julgar e de discernir o verdadeiro do falso. O homem deve seguir um método para conduzir bem a sua razão e procurar a verdade nas ciências, afirma que devemos rejeitar como falso tudo aquilo do qual não podemos duvidar, somente devemos aceitar as coisas indubitáveis.
Segundo Descartes: “Todo o método consiste na ordem e na disposição das coisas para as quais devemos voltar o olhar do espírito, para descobrir alguma verdade”. O eu, seria uma substância que pensa, duvida, concebe, afirma, nega, que quer, e que não quer que imagine e que sente.
O empirismo é a escola do pensamento filosófico relacionada à teoria do conhecimento, que pensa estar na experiência a origem de todas as ideias. O nome empirismo vem do latim: empiria (experiência) e -ismo (sufixo que determina, entre outras coisas, uma corrente filosófica). Temos, assim, a “corrente filosófica da experiência”.
Ao longo de toda a história da filosofia, diversos pensadores abordaram a questão, dando importância ao conhecimento da experiência (da sensibilidade) ao invés de apenas ao intelectual.
Entretanto, o principal defensor do empirismo foi John Locke (1632-1704), filósofo inglês.
O empirismo defendido ficou conhecido como empirismo britânico, e influenciou diversos filósofos.
Locke defendeu que a experiência forma as ideias em nossa mente, no seu livro Ensaio acerca do entendimento humano de 1690. Na introdução, ele escreve que “só a experiência preenche o espírito com ideias”. Para argumentar a favor, Locke critica o conceito de que já existem ideias em nossa mente (ideias inatas). Ele procura demonstrar que qualquer ideia que temos não nasce conosco, mas se inicia na experiência.
A experiência, para Locke, não são as experiências de vida. Experiência para ele são as nossas sensações (sentidos). Ouvimos, enxergamos, tocamos, saboreamos e cheiramos. Cada um dos cinco sentidos leva informações para o nosso cérebro. Quando nascemos não sabemos o que é uma maçã, mas formamos a ideia de maçã a partir dos sentidos. Vemos a sua cor, sentimos o seu aroma, tocamos sua casca e mordemos a fruta. Cada uma dessas sensações simples nos faz ter a ideia de maçã. A partir da sensação, há a reflexão. Dessa forma, nossas ideias são um reflexo daquilo que nossos sentidos perceberam do mundo.
Com essa constatação, Locke afirma que ao nascermos somos como uma folha em branco. São, então, os sentidos responsáveis pelo preenchimento dessa folha.
O iluminismo é também conhecido como a Filosofia das luzes, movimento filosófico do séc. XIX que se caracterizava pela confiança no progresso e na razão, pelo desafio à tradição e à autoridade e pelo incentivo à liberdade de pensamento.
O horizonte histórico vivenciado por Kant é marcado pela independência americana e a Revolução Francesa. Sua filosofia está na confluência do racionalismo, do empirismo inglês (Hume) e da ciência físico-matemática de Newton. À Hegel, acrescentam-se o idealismo e criticismo kantiano.
A base da filosofia de Kant (1724-1804) está na teoria do conhecimento. Deseja saber, mas sem erro. Para tanto, elabora-a na relação entre os juízos sintéticos "a priori" e os juízos sintéticos "a posteriori". Aos primeiros, chama-os puros, que caberia à matemática desvendá-los; aos segundos, de fenômenos, influenciados pela percepção sensorial. Nesse sentido, o idealismo e o criticismo kantiano nada mais são do que seus próprios esforços para aproximar o fenômeno à "coisa em si".


O Pensamento Educacional de Platão e Aristóteles


O que fez Platão foi formular a distinção entre o saber exterior, emprestado, pregado à consciência, porém exterior a ela, sem penetrá-la, sem estruturá-la, saber de pedantes, aparência de saber, alucinação de saber, falsa erudição, e um saber interior, nascido da própria pessoa, constituído paralelamente ao próprio amadurecimento da consciência, no qual a erudição, quando existe, não é mais do que o subproduto natural de um saber que está orientado à formação da alma.
Um saber que não serve à formação é aquele com o qual se mantém uma relação exterior ou, em outras palavras, um saber que se aprende, no qual se adquire algo que antes não se possuía, mas aquilo que é adquirido se apresenta como pregado, sem perpassar a consciência, sem constituí-la, sem estruturá-la ou modificá-la, mas sempre exterior a ela, sem relação alguma com aquele que sabe um saber deslocado de quem sabe, um saber que produz pedantes, quiçá eruditos, porém não pessoas educadas em uma relação viva e constituinte com o saber.
As operações filosóficas de regulamentação e de reforma do saber encontram-se intimamente relacionadas com esse otimismo socrático que Nietzsche diagnosticou em O nascimento da tragédia e que se poderia considerar como o fundamento desse avanço racionalista constitutivo do nosso sentido comum. 
O otimismo socrático consiste em certa moralização do saber, impulsionada pela confiança na inteligibilidade da existência e na possibilidade de sua reforma. O que o Filósofo sustenta é a possibilidade de mudá-lo.
A tese de Nietzsche parece ser que a de que a operação socrático-platônica abre a época em que ainda vivemos como o tempo da pedagogia, isto é, como a quadra caracterizada por um desígnio otimista e progressivo em relação à existência, e onde a regulamentação, a reforma e a transmissão do saber seriam seus instrumentos essenciais.
Tal desígnio não é outra coisa que a convicção de que o saber “é capaz não só de conhecer, mas de corrigir o ser” e na crença de que o conhecimento “tem a força de uma medicina universal”.
“A educação, para Aristóteles, é um caminho para a vida pública”. Cabe à educação a formação do caráter do aluno. Perseguir a virtude significaria, em todas as atitudes, buscar o “justo meio”. A prudência e a sensatez se encontrariam no meio-termo, ou medida justa – “o que não é demais nem muito pouco”, afirma Aristóteles.
Um dos fundamentos do pensamento aristotélico é que todas as coisas têm uma finalidade. É isso que, segundo o filósofo, leva todos os seres vivos a se desenvolver de um estado de imperfeição (semente ou embrião) a outro de perfeição (correspondente ao estágio de maturidade e reprodução). Nem todos os seres conseguem ou têm oportunidade de cumprir o ciclo em sua plenitude, porém. Por ter potencialidades múltiplas, o ser humano só será feliz e dará sua melhor contribuição ao mundo se desfrutar das condições necessárias para desenvolver o talento. A organização social e política, em geral, e a educação, em particular, têm a responsabilidade de fornecer essas condições.


Dê o conceito de Ontologia.

Ontologia é uma ferramenta utilizada para representar o conhecimento relativo a um dado domínio de conhecimento e tem o objetivo de estabelecer um vocabulário comum a uma comunidade de interesse. Podemos refletir, por exemplo, sobre a definição de banco. No domínio utensílios domésticos, banco significa um móvel utilizado para uma pessoa sentar. Banco também pode ser conta corrente, financiamento e investimentos.
Agora reflitamos sobre o significado correto de conhecimento? No domínio da logística, conhecimento significa documento comprobatório do recebimento de mercadoria por empresa encarregada do seu transporte.
A partir das reflexões acima podemos concluir que determinado conceito pode ter significados diferentes, dependendo do domínio de interesse ao qual ele é empregado. A ontologia permite que seja possível explicitar estas diferenças contextualizando os conceitos relativos a cada domínio modelado e pode ser definida como o ramo da metafísica que trata da natureza do ser.
O termo que foi adaptado pela comunidade de inteligência artificial, serve para se referir a um conjunto de conceitos ou termos usados para descrever algumas áreas do conhecimento ou para construir uma representação deste.
Uma ontologia é uma manifestação do entendimento de um domínio, compartilhado e comum entre integrantes de uma comunidade. Esta comunidade pode ser tanto de pessoas, quanto de sistemas ou até formada por ambos.


quarta-feira, 25 de abril de 2012

Discorra sobre o Mito, o que ele significa e representa no âmbito da Cultura Ocidental.

Segundo Mircea Eliade, definir mito é uma realidade cultural extremamente complexa, que pode ser abordada e interpretada em perspectivas múltiplas e complementares....o mito conta uma história sagrada, relata um acontecimento que teve lugar no tempo primordial, o tempo fabuloso dos começos...o mito conta graças aos feitos dos seres sobrenaturais, uma realidade que passou a existir, quer seja uma realidade tetal, o Cosmos, quer apenas um fragmento, uma ilha, uma espécie vegetal, um comportamento humano, é sempre portanto uma narração de uma criação, descreve-se como uma coisa foi produzida, como começou a existir. Mircea Eliade, Aspectos do Mito, pág12/13
O mito só fala daquilo que realmente aconteceu do que se manifestou, sendo as suas personagens principais seres sobrenaturais, conhecidos devido aquilo que fizeram no tempo dos primordios. Os mitos revelam a sua atividade criadora e mostram a “sobrenaturalidade” ou a sacralidade das suas obras. Em suma os mitos revelam e descrevem as diversas e frequentemente dramáticas eclosões do sagrado ou sobrenatural no mundo. É está “intormição” ou eclosão do sagrado(sobrenatural) que funda, que dá origem ao mundo tal como ele é hoje. Sendo também graças à intervenção de seres sobrenaturais que o homem é o que é hoje.
Ainda segundo outras fontes, “o mito é considerado como uma história sagrada, e portanto uma história verdadeira, porque se refere sempre a realidades. O mito cosmogónico é verdadeiro porque a existência do mundo está aí para o provar, o mito da origem da morte é também verdadeiro porque a mortalidade do homem prova-o e pelo fato de o mito relatar as gestos dos seres sobrenaturais e manifestações dos seus poderes sagrados, ele torna-se o modelo exemplar  de todas as atividades humanas significativas”. 
A narração mitológica envolve basicamente acontecimentos supostos, relativos a épocas primordiais, ocorridos antes do surgimento dos homens (história dos deuses) ou com os "primeiros" homens (história ancestral). O verdadeiro objeto do mito, contudo, não são os deuses nem os ancestrais, mas a apresentação de um conjunto de ocorrências fabulosas com que se procura dar sentido ao mundo. O mito aparece e funciona como mediação simbólica entre o sagrado e o profano, condição necessária à ordem do mundo e às relações entre os seres. Sob sua forma principal, o mito é cosmogônico ou escatológico, tendo o homem como ponto de intersecção entre o estado primordial da realidade e sua transformação última, dentro do ciclo permanente nascimento-morte, origem e fim do mundo.
 As semelhanças com a religião mostram que o mito se refere ao menos em seus níveis mais profundos a temas e interesses que transcendem a experiência imediata, o senso comum e a razão: Deus, a origem, o bem e o mal, o comportamento ético e a escatologia (destino último do mundo e da humanidade). Crê-se no mito, sem necessidade ou possibilidade de demonstração. Rejeitado ou questionado, o mito se converte em fábula ou ficção.

Reflita e explique a diferença entre a “Filosofia” e “Filosofia de Vida”.

Uma definição precisa do termo "filosofia" é impraticável. Tentar formulá-la poderia, ao menos de início, gerar equívocos. Com alguma espirituosidade, alguém poderia defini-la como "tudo e nada, tudo ou nada...". Melhor dizendo, a filosofia difere das ciências especiais na medida em que procura oferecer uma imagem do pensamento humano ou mesmo da realidade, até onde se admite que isso possa ser feito como um todo. Contudo, na prática o conteúdo de informação real que a filosofia acrescenta às ciências especiais tende a desvanecer-se até parecer não deixar vestígios. Acredito que esse desvanecimento seja enganoso. Mas deve-se admitir que até aqui a filosofia não tem conseguido realizar suas grandes pretensões. Tampouco tem logrado êxito em produzir um corpo de conhecimentos consensual comparável ao elaborado pelas diversas ciências. Isso se deve em parte, embora não integralmente, ao fato de que, quando obtemos conhecimento verdadeiro a respeito de determinada questão situamos essa questão como pertencente à ciência e não à filosofia. 0 termo "filósofo" significava originariamente "amante da sabedoria", tendo surgido com a famosa réplica de Pitágoras aos que o chamavam de "sábio". Insistia Pitágoras em que sua sabedoria consistia unicamente em reconhecer sua ignorância, não devendo portanto ser chamado de "sábio", mas apenas de "amante da sabedoria". Nessa acepção, "sabedoria" não se restringia a qualquer dos domínios particulares do pensamento e, de modo similar, "filosofia" era usualmente entendida como incluindo o que hoje denominamos "ciência". Esse uso sobrevive ainda hoje em expressões como "filosofia natural". Na medida em que uma grande produção de conhecimento especializado em um dado campo ia sendo conquistada, o estudo desse campo se desprendia da filosofia, passando a constituir uma disciplina independente. As últimas ciências que assim evoluíram foram a psicologia e a sociologia. Dessa forma, poderíamos falar de uma tendência à contração da esfera da filosofia na própria medida em que o conhecimento se expande. Recusa a considerar filosóficas as questões cujas respostas podem ser dadas empiricamente. Não deseja com isso sugerir que a filosofia poderá acabar sendo reduzida ao nada. Os conceitos fundamentais das ciências, da figuração geral da experiência humana e da realidade (na medida em que formamos crenças justificadas a seu respeito) permanecem no âmbito da filosofia, visto que, por sua própria natureza, não podem ser determinados pelos métodos das ciências especiais. É sem dúvida desencorajador que os filósofos não tenham logrado maior concordância com respeito a esses assuntos, mas não devemos concluir que a inexistência de um resultado por todos reconhecido signifique que esforços foram realizados em vão. Dois filósofos que discordem entre si podem estar contribuindo com algo de inestimável valor, embora ambos não estejam em condição de escapar totalmente ao erro: suas abordagens rivais podem ser consideradas mutuamente complementares. O fato de filósofos distintos necessitarem dessa mútua complementação torna evidente que o ato de filosofar não é unicamente um processo individual, mas também um processo que possui uma contrapartida social. Um dos casos em que a divisão do trabalho filosófico se torna bastante proveitosa consiste na circunstância de que pessoas distintas usualmente enfatizam aspectos diferentes de uma mesma questão. Contudo, boa parte da filosofia volta-se mais para o modo pelo qual conhecemos as coisas do que propriamente para as coisas que conhecemos, sendo essa uma segunda razão pela qual a filosofia parece carecer de conteúdo. No entanto, discussões a respeito de um critério definitivo de verdade podem determinar, na medida em que recomendam a aplicação de um dado critério, quais as proposições que na prática deliberamos serem verdadeiras. As discussões filosóficas da teoria do conhecimento têm exercido, ainda que de modo indireto, importante efeito sobre as ciências.